Criticamos inúmeras instituições
(religiosas, legais, políticas entre outras) em diversos momentos. Entretanto,
devido a sua extrema complexidade, um tipo de instituição não passa por um
julgamento popular tão acentuado como as outras instituições. Porque será que
nunca criticamos as decisões das instituições financeiras. Como o dinheiro é
criado? Como ele afeta a sociedade? Primeiramente, para entender a lógica das
instituições financeiras esqueçam os cálculos complexos. Acompanhe o exemplo a seguir:
O Governo decide que precisa de
dinheiro. Então ele entra em contato com a Banco Central (BC) e pede 10 bilhões de
reais. Para o BC conseguir este dinheiro ele tem que comprar títulos que
garantam o pagamento da dívida que o governo está criando. Com isso, o BC prende 10 bilhões em título para liberar a quantia: este procedimento é chamado
“título do tesouro”. O Governo então recebe os 10 bilhões e dão os títulos do
tesouro ao BC. O que não foi dito aqui é que o Governo recebe esta quantia em
computadores, ou seja, o dinheiro é depositado em uma conta bancária. Foram
criados 10 bilhões fresquinhos.
Uma curiosidade é que apenas 3% da moeda nacional
existe em cédulas. Logo todas as transações de alto valor são eletrônicas. Voltando ao assunto, os
títulos do tesouro são comprovantes da dívida do Governo com o BC, e fica óbvio
que o dinheiro neste exemplo foi criado do NADA. O que existe é a promessa do
Governo de que o dinheiro será devolvido. Assim, o dinheiro é criado por uma
DÍVIDA.
O interessante é que por lei
aproximadamente 10% de qualquer quantia de grande porte fica retida na conta
corrente comercial. Na nossa brincadeira 1 bilhão ficou para o banco que o
Governo escolheu guardar o dinheiro. Enquanto, os 9 bilhões são excedente de
reserva e são usados para o Governo fazer empréstimos. Entretanto, estes 9
bilhões legitimam os 10 bilhões que chegaram nos computadores e o banco começa
a operar com 19 bilhões. É assim que o suprimento monetário é expandido – ou o
que conhecemos por CRÉDITO. Esta é a origem dos CARTÕES DE CRÉDITO. Por isso,
os atrasos da sua conta do cartão não são tolerados, pois o dinheiro precisa
expandir mais e mais para cobrir os empréstimos efetuados pelos bancos.
Estes 9 bilhões são criados do
nada porque existe uma demanda por empréstimos que faz valer as exigências da
reserva (os títulos do tesouro). Se alguém pegar estes 9 bilhões emprestados
900 milhões ficam retidos na sua conta, os 8 bilhões e 100 milhões entram em
circulação para novos empréstimos, e o processo se repete automaticamente. No
final desta bola de neve 90 bilhões são criados no crédito com 10 bilhões
originais. Resumindo, a cada depósito feito em uma conta pode-se criar nove
vezes esse valor a partir do nada. Quanto mais este procedimento for usado mais
a moeda se desvaloriza: isto é o que acontece quando o Jornal Nacional fala do
aumento da INFLAÇÃO.
O dinheiro é criado para nos
endividar, pois quem paga a conta do Governo com o BC somos NÓS. Pagamos esta
dívida com os IMPOSTOS cobrados pelo Governo. Outra curiosidade é que quando um país muda o nome da sua
moeda é porque a sua antiga já esta saturada (sem crédito). Mudam o nome
para continuar com o crédito, mas a conta deixada não some. Aí vem a pergunta: quantas vezes o
nome da moeda brasileira mudou? Entendeu porque pagamos tantos impostos até
hoje?
Se o Governo pegou 10 bilhões com o BC ele terá que devolver esta quantia com JUROS. Por isso as taxas de juros
do BC são tão altas. Temos que garantir ao Banco Central o pagamento
dos títulos de tesouro, lembra? Todavia, como devolver um dinheiro que não
existia, e com JUROS? Você acertou! Não tem como devolver os juros. O dinheiro
em circulação é menor que o montante da dívida, isto é, o sistema funciona a
partir destas dívidas e o Governo vira refém do BC por causa da impossibilidade
de pagar os seus débitos. Agora você entende porque todos os presidentes se
ajoelham perante os bancários?