domingo, 28 de outubro de 2012

Como nasce o dinheiro?



Criticamos inúmeras instituições (religiosas, legais, políticas entre outras) em diversos momentos. Entretanto, devido a sua extrema complexidade, um tipo de instituição não passa por um julgamento popular tão acentuado como as outras instituições. Porque será que nunca criticamos as decisões das instituições financeiras. Como o dinheiro é criado? Como ele afeta a sociedade? Primeiramente, para entender a lógica das instituições financeiras esqueçam os cálculos complexos. Acompanhe o exemplo a seguir:

O Governo decide que precisa de dinheiro. Então ele entra em contato com a Banco Central (BC) e pede 10 bilhões de reais. Para o BC conseguir este dinheiro ele tem que comprar títulos que garantam o pagamento da dívida que o governo está criando. Com isso, o BC prende 10 bilhões em título para liberar a quantia: este procedimento é chamado “título do tesouro”. O Governo então recebe os 10 bilhões e dão os títulos do tesouro ao BC. O que não foi dito aqui é que o Governo recebe esta quantia em computadores, ou seja, o dinheiro é depositado em uma conta bancária. Foram criados 10 bilhões fresquinhos.

Uma curiosidade é que apenas 3% da moeda nacional existe em cédulas. Logo todas as transações de alto valor são eletrônicas. Voltando ao assunto, os títulos do tesouro são comprovantes da dívida do Governo com o BC, e fica óbvio que o dinheiro neste exemplo foi criado do NADA. O que existe é a promessa do Governo de que o dinheiro será devolvido. Assim, o dinheiro é criado por uma DÍVIDA.

O interessante é que por lei aproximadamente 10% de qualquer quantia de grande porte fica retida na conta corrente comercial. Na nossa brincadeira 1 bilhão ficou para o banco que o Governo escolheu guardar o dinheiro. Enquanto, os 9 bilhões são excedente de reserva e são usados para o Governo fazer empréstimos. Entretanto, estes 9 bilhões legitimam os 10 bilhões que chegaram nos computadores e o banco começa a operar com 19 bilhões. É assim que o suprimento monetário é expandido – ou o que conhecemos por CRÉDITO. Esta é a origem dos CARTÕES DE CRÉDITO. Por isso, os atrasos da sua conta do cartão não são tolerados, pois o dinheiro precisa expandir mais e mais para cobrir os empréstimos efetuados pelos bancos.

Estes 9 bilhões são criados do nada porque existe uma demanda por empréstimos que faz valer as exigências da reserva (os títulos do tesouro). Se alguém pegar estes 9 bilhões emprestados 900 milhões ficam retidos na sua conta, os 8 bilhões e 100 milhões entram em circulação para novos empréstimos, e o processo se repete automaticamente. No final desta bola de neve 90 bilhões são criados no crédito com 10 bilhões originais. Resumindo, a cada depósito feito em uma conta pode-se criar nove vezes esse valor a partir do nada. Quanto mais este procedimento for usado mais a moeda se desvaloriza: isto é o que acontece quando o Jornal Nacional fala do aumento da INFLAÇÃO.

O dinheiro é criado para nos endividar, pois quem paga a conta do Governo com o BC somos NÓS. Pagamos esta dívida com os IMPOSTOS cobrados pelo Governo. Outra curiosidade é que quando um país muda o nome da sua moeda é porque a sua antiga já esta saturada (sem crédito). Mudam o nome para continuar com o crédito, mas a conta deixada não some. Aí vem a pergunta: quantas vezes o nome da moeda brasileira mudou? Entendeu porque pagamos tantos impostos até hoje?

Se o Governo pegou 10 bilhões com o BC ele terá que devolver esta quantia com JUROS. Por isso as taxas de juros do BC são tão altas. Temos que garantir ao Banco Central o pagamento dos títulos de tesouro, lembra? Todavia, como devolver um dinheiro que não existia, e com JUROS? Você acertou! Não tem como devolver os juros. O dinheiro em circulação é menor que o montante da dívida, isto é, o sistema funciona a partir destas dívidas e o Governo vira refém do BC por causa da impossibilidade de pagar os seus débitos. Agora você entende porque todos os presidentes se ajoelham perante os bancários?

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