sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Nietzsche Educador




Eu acho que o maior prêmio que um professor pode ter na sua vida profissional é ver o alunado se desenvolver ao longo do ano, e futuramente vê-lo realizado enquanto cidadão. Nietzsche não fugia a regra. Em uma época marcada por uma postura ríspida dos professores com os alunos fez Nietzsche se destacar pela sua cordialidade e sua personalidade afável. Aos 24 anos Nietzsche tornara-se Professor de Filologia Clássica na Universidade da Basiléia. Ele era um crítico ferrenho dos "homens teóricos" e defendia ardentemente que o conhecimento não deveria se separar do pensamento e da vida. Atualmente o Sistema Pedagógico Alemão segue as premissas de Nietzsche em relação a educação e identidade cultural. Sua atuação ímpar enquanto professor  foi descrita por alguns de seus alunos e serve de inspiração para qualquer um que toma para si o desafio de ser EDUCADOR:

Louis Kelterborn escreve em suas Memórias: "Minhas relações pessoais com Nietzsche duraram 10 anos, de 1869 a 1879. [...] Sua maneira de se dirigir aos alunos nos era absolutamente nova e despertava em nós o sentimento de nossa própria personalidade. Soube, desde o início, estimular-nos para que tivéssemos um maior interesse pelo estudo, talvez mais ainda de maneira indireta, pelo seu saber e pelo seu exemplo, do que de maneira direta, ao nos declarar, por exemplo, que todo homem deveria pelo menos uma vez na vida se dar ao trabalho de consagrar ao estudo um ano inteiro, fazendo da noite o dia, e que esse ano tinha chegado para nós”. (p. 51 e 52)

Ele não nos considerava em bloco, como uma classe ou um rebanho, mas como jovens individualidades, Durante a conversa o professor Nietzsche procurava ouvir mais do que falar; através de perguntas estimulava seu interlocutor a exprimir livremente suas opiniões, mesmo quando se tratava de um de seus alunos. (pág. 51, 52 e 53)

Outro aluno Traugolt Siegfried conta suas experiências durante seu convívio com Nietzsche: "Cada um de nós tinha como ponto de honra estar à altura das exigências de Nietzsche, e aquele que, por preguiça ou por ignorância, o decepcionava recebia a censura de seus colegas. Sua gentileza e sua atenção encorajavam os alunos a trabalhar e os incitavam a se exprimir livremente”. (p. 54)

O Pastor: “Um dia Nietzsche, depois de fazer um relato emocionante sobre o processo de Sócrates e de sua defesa diante dos juízes, pediu a seus alunos para virem recitar junto a sua mesa o discurso de Sócrates. Encorajado pelo seu professor, o jovem pastor, ainda que com o coração batendo, decidiu tentar a experiência, Conseguiu contentar completamente o seu professor, que, amigavelmente, lhe sorriu. Nesse dia, disse-me o jovem pastor ‘eu me encontrei; minha timidez desapareceu e agradecia ao meu venerado professor Nietzsche que soube dar apoio ao jovem inseguro que eu era e despertar os meus dons’”. (p. 54)

Depoimento (anônimo): "Era um homem de poucas palavras, mas sua alegria era visível quando um aluno medíocre conseguia um bom resultado. Cada um de nós ficava contente ao receber dele por um trabalho oral a expressão: muito bem. Sua cordialidade, sua atenção incitavam ao trabalho. Preparava os alunos para que soubessem falar espontaneamente, sem recorrer às anotações. Demonstrava a todos a mesma delicadeza. Não deixava transparecer nenhum desprezo pela massa de alunos indiferente, nem pelos mais fracos ou menos dotados”. (p. 55)

“Se Nietzsche era parcimonioso nos elogios, usa mais raramente ainda de reprimenda. [...] Nunca o víamos irritado, nunca elevava o tom da voz, nem se alterava [...]”. (p. 55 )

Referência Bibliográfica: 
DIAS, Rosa Maria. Nietzsche Educador - São Paulo, Ed. Scipione, 2003. 

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